Wednesday, January 28, 2009

Plié, balancé, brisé - Ou o ballet contemporâneo das relações franco-chinesas


Ontem, apesar da ocasião, a celebração do 45º aniversário da reconciliação diplomática entre França e China (após o rompimento provocado pela Revolução Comunista de Mao Tsé-tung), não houve muita festa, nem motivos aparentes para brindes con Don Perignon.

Oui, oui, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao em visita oficial por cinco países da Europa -a primeira após a crise diplomática com a França que concatenou o cancelamento da Cúpula União Europeia-China, não fará escala em Paris.
Por questões de ressentimentos e desaprovação em relação aos posicionamentos franceses.
São eles: as manifestações pró-Tibet durante a passagem da tocha olímpica pela França. O eventual boicote do presidente francês Sarkozy à cerimônia de abertura dos jogos olimpícos. E mais recentemente, pelo encontro realizado no início de dezembro entre Sarkozy e Dalai Lama, líder espiritual do Tibet- região autônoma chinesa que reivindica independência.

O balancé das relações bilaterais entre China e França, voltou ao plié e deve continuar assim flexionado até que Paris dê o primeiro passo de reaproximação, segundo declarações do ministro-adjunto de Relações Exteriores da China, Wu Hongbo.
Oficiais da chancelaria francesa tentam conciliar a situação sugerindo o diálogo entre as partes, sem causar qualquer reação em Pequim.

O ballet político contemporâneo das relações franco-chinesas, encantava pela harmonia dos movimentos. Que deram mostras da fragilidade da dança no segundo semestre de 2008 justamente em virtude dos três episódios traumáticos, que desencadearam por todo o território chinês manifestações ultra-nacionalistas e campanhas de apoio ao país com emblemas do gênero: I love China, ou o mais difundido 中国加油! ( Viva China!).
Os brios do nacionalismo ferido fomentaram ainda campanhas de boicotes aos produtos e marcas francesas.
Bernard Arnault, executivo da marca LVMH detentora entre outras do Carrefour e Louis Vuitton, declarou na ocasião a síntese entre o pensamento e a conduta a serem aplicados por aqui: "China needs time" ( China precisa de tempo).


O tempo para o tão esperado brisé, deve acontecer somente no dia 03 de abril, data a ser realizada a Cúpula do D-20, onde a reforma dos mecanismos de regulação do sistema financeiro internacional poderá ser aprovada.
O maior defensor da reforma, Nicolas Sarkozy, não será consultado.
Wen Jiabao, em visita a Davos na Suíça participará do Fórum Econômico Mundial, que em função das consequências globais da crise financeira poderá ser a edição mais importante da história do Fórum.
O premiê seguirá então para Alemanha, Espanha, Grã-Bretanha e Bélgica.
Enquanto o ballet bilateral permanece em plié.

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Glossário do ballet::

Plié:: Literalmente joelhos flexionados.

Balancé:: Movimento de equilíbrio.

Brisé:: Saltos ou saltinhos no ar.

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